"Quando o sábio aponta para as estrelas, o idiota fica a olhar para o dedo".
Luís Campos e Cunha
in PÚBLICO 25/01/08
Relativamente a uma pequena discussão que tive com uma jornalista da TVI acerca da (in)eficiência dos media em Portugal, e da real utilidade noticiosa dos telejornais. Há umas semanas vi uma jornalista (filha de uma determinada Presidente da Câmara com um gosto por viagens súbitas ao Brasil) deixar escapar por entre os seus dedos um dos maiores furos jornalísticos que alguma vez se lhe apresentou à frente. E isto porquê? Na minha opinião porque os senhores jornalistas estão demasiado cegos pelo imediato, e demasiado ocupados em pregar pessoas na parede, e não sequer capazes de fazerem a si próprios as perguntas mais simples, que se de facto fossem feitas e acompanhadas com um pouco de jornalismo de investigação, talvez resultassem em notícias bem mais interessantes, pelo menos para mim, a ser apresentadas nos nossos telejornais.
Por fim fica a grande questão. É notícia quando o INEM (exemplo dado pela minha interlocutora) falha, mas o número de vezes em que não falha (bem maior que o primeiro, logo uns pontos extra para o INEM) não é. Pergunto-me porquê? E pergunto-me que género de jornalistas é que andam a ser formados, serão assim tão pouco desviados da ética que deveriam ter, será que só o que é mau é que é notícia, porque chama a atenção, faz vender mais e dá mais lucro ás empresas proprietárias do jornais e televisões? E que tal um bocadinho de investigação?
E para terminar e voltando ao Luís Campos e Cunha, porque é que se noticiou tanto o Tratado de Lisboa e a sua cerimónia de assinatura, porque é que se noticiou tanto o incumprimento de promessas eleitorais por parte do Sr. Sócrates, e porque é que ainda não vi uma peça de fundo a explicar a toda a gente o que é o mesmo tratado, qual o seu significado e quais as consequências do mesmo para o país. Não no “Prós e Contras”, que dá tarde e à hora da novela e poucas pessoas vêm mas, no Telejornal que é visto por quase toda a população do país.
2 comments:
há por aí um slogan de um daqueles jornais distribuídos no marquês de pombal em hora de ponta que diz: ‘nem toda a informação gratuita vale a pena’. poderemos estender este dito a TODA a informação?. leva-se a televisão ao extremo do entretenimento – porque qusee todo o ser humano é assim, prende-se e comove-se com a catástrofe e a sujidade e subestima os sucessos e as aprendizagens, duvidando mesmo que eles tenham existido – e não se forma jornalistas para fornecer informação. Forma-se jornalistas para aumentar audiências. . acho que toda a gente percebeu já que quem se senta no poder em portugal não é o governo.
são os media... and we are just sheeps baby . yeah.
concordo plenamente contigo. aliás, pensava mesmo nisso há pouco tempo, a quantidade de estupidez de comentários de que nos víamos livres se as pessoas tivessem simplesmente o bom senso de se perguntar sobre a origem. na berra está o curto, incisivo e crítico. o fundamentado já não interessa nada. aliás, informar (no sentido activo e passivo, ou seja, procurar informar-se e informar) aparentemente é uma perda de tempo. os telejornais continuam a ser de referência para muita gente, e se a televisão tivesse alguma intervenção na "educação", o estado e a natureza das coisas como são podiam ser muito diferentes. se alguém soubesse da quantidade de papel que tinha que ler para dar um voto informado no referendo que agora causa tanto celeuma, aplaudia de pé. as coisas são assim, fazer o quê? estaremos provavelmente nós também mal informados quanto às verdadeiras motivações de tal jornalismo... gostava que assim fosse.
Post a Comment